A Pedra do Frade é uma montanha rochosa com cerca de 1.500 metros de altitude, localizada em Angra dos Reis, litoral do Estado do Rio.
A trilha é pesada: são 15 quilômetros só de ida começando na região do Brejal, zona rural de Bananal, cidade do interior de São Paulo perto de Barra Mansa (RJ). Também é possível começar pela Vila do Frade, em Angra dos Reis, mas por questões de segurança, a primeira opção é melhor. O visual no cume compensa, a vista panorâmica é surreal!
Preparamos um guia com dicas e informações sobre a trilha da Pedra do Frade, como chegar, onde dormir na região e tudo que você precisa saber para visitar.
Sobre a Pedra do Frade, em Angra dos Reis
O monólito com formato inusitado tem 1.574 metros de altitude e fica no Parque Nacional da Serra da Bocaina, na Serra do Mar, entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Em uma região cercada por Mata Atlântica, seu cume oferece uma visão rara: de um lado a serra, do outro o mar.
A dica é pernoitar no cume para ver um nascer do sol espetacular, mas o espaço, embora protegido, é restrito, para poucas barracas.
A trilha é pesada e tem 15km só de ida, com trecho final exposto que exige o uso de cordas e equipamentos de segurança.
Fica o aviso: é extremamente difícil se orientar nessa trilha e é necessário a presença de alguém com muita experiência. E é preciso ter ótimo preparo físico.
Nós usamos tracklogs e o croqui do Augusto de Carvalho, disponível no site dele. Vale a pena ler o relato que ele escreveu sobre essa trilha. O croqui dele foi fundamental para nós!
Qual a melhor época para subir a Pedra do Frade?
De maio a setembro. Essa trilha só pode ser feita no inverno (período seco) e com análise precisa da previsão do tempo. Não é recomendável subir a Pedra do Frade com tempo ruim e possibilidade de chuvas, pois além de ficar muito escorregadio, há o risco de descarga elétrica.
Como chegar na região do Brejal, zona rural de Bananal
Os aeroportos mais próximos são os do Rio de Janeiro. A capital fica a cerca de 160 quilômetros de Bananal, interior de São Paulo.
De carro
Quem vem de carro do Rio de Janeiro tem acesso pela BR-116 (Via Dutra) até Barra Mansa (RJ), e saída 273 para Bananal (SP).
Quem vem de São Paulo pode seguir pela mesma rodovia também até Barra Mansa, pois a estrada é melhor. Ou sair da Dutra na altura para a Rodovia dos Tropeiros, passando por São José do Barreiro, mas a estrada é pior.
Em Bananal, siga por cerca de 28 quilômetros pela SP-247 até o km 33, onde fica a Pousada Brejal. Uma parte é estrada de terra, mas sem chuva, qualquer carro chega facilmente. Há bifurcações, mas as placas auxiliam. É só ficar atento.
Se precisar alugar um carro para visitar a Pedra do Frande, a gente recomenda que você utilize esse buscador que compara preços de diversas locadoras, facilitando a busca pela melhor opção. Ele permite pagamento parcelado e sempre tem promoções.
De ônibus
Quem vem de ônibus do Rio de Janeiro usa a viação Cidade do Aço até Barra Mansa. De lá há alguns horários por dia pela viação Colitur até Bananal.
Quem vem de São Paulo, a viação Pássaro Marron, tem um dia da semana com horário direto para Bananal. Nos demais dias, é preciso fazer baldeação em Guaratinguetá.
Em todo caso, você terá que pegar um táxi para o Brejal.
Também há a opção de contratar a Kombi do Gordo: (12) 9166-5289 / (12) 9112-2598. Ele leva grupos para trilhas da região e já nos pegou em Barra Mansa uma vez.
Pedra do Frande: onde dormir na região do Brejal
A Pousada Brejal é um ótimo ponto para pernoitar antes da trilha. Ela oferece quartos coletivos, chuveiro quente, área para camping e estacionamento. Sem falar no café da manhã completo e nas refeições deliciosas. A truta com molho de pinhão imperdível! O Sr. Carlinhos, dono da pousada, conhece a região muito bem e auxilia com informações sobre as condições da trilha.
Pousada Brejal: 24 99993-3999 | Facebook
Rodovia SP-247, Km 33 – Serra da Bocaina – Brejal – Bananal, SP
A opção alternativa é pernoitar em Bananal (confira ofertas de hospedagem aqui), mas ficar na zona rural é muito melhor. O ar puro, o silêncio e o clima da Serra da Bocaina oferecem uma experiência muito melhor. Além disso, perto da pousada há rios para banho, e duas cachoeiras incríveis: cachoeirado Brachuí e cachoeira do Rio Mimoso.
Trilha da Pedra do Frade: como é e pontos de interesse
Acordamos na Pousada Brejal para o café marcado para 5h30, aliás, completíssimo. Tenho que mencionar que o pão foi feito lá e o Sr. Carlinhos contou ter acordado às 4h para assar. Partimos às 6h47.
O início é muito tranquilo, ainda na estrada, por cerca de 5 quilômetros de trecho de terra da SP-247. A estrada passa pela Fazenda Seda Moderna e por um uma bifurcação, inclusive, para a Pousada do Rio Mimoso, onde estão as incríveis cachoeiras do Bracuí e do Rio Mimoso. Mas há placas indicando essa pousada, e basta seguir em frente pela direita, ou seja, para a opção oposta.
Depois de uma porteira, a trilha começa de fato, e seguimos por um descampado. Desse ponto já é possível avistar a imponente Pedra do Frade bem longe.
Cruzando o Rio Bonito
Após um riachinho, será preciso tirar as botas para atravessar o Rio Bonito, de águas geladíssimas, na altura do joelho durante a estação mais seca.
A trilha recomeça do outro lado da margem, atravessa outro descampado e logo depois entra na mata. Apesar de não ter grandes subidas e descidas, o solo é bem irregular, cheio de pedras e raízes.
Adentrando a mata
A maior parte da trilha da Pedra do Frade é dentro da mata, e a dificuldade está nas várias bifurcações. Muitas árvores caem, escondendo a trilha, o mato cresce, pequenos espaços entre as árvores confundem a direção…
Por outro lado, a vegetação é incrível. Há muitas samambaias, orquídeas, quaresmeiras, bromélias e árvores enormes, de várias espécies.
Na época que fomos, tinha uma árvore enorme, com raiz e tudo, caída recentemente. Nessa parte da trilha não temos visão da pedra e atravessamos alguns pequenos cursos de água.
Em uma das bifurcações, há uma marcação “PF” em um tronco grosso.
A Gruta do Alemão
Não é necessariamente uma gruta e não dá para acampar dentro dela. Mas é um local extremamente importante da trilha, pois é o último ponto de água.
Não há água no cume da Pedra do Frade. Então, é necessário levar toda a quantidade necessária para ir e voltar até esse ponto. Como a maior parte dos trilheiros acampa no cume, ainda é preciso levar água para cozinhar e para higiene pessoal.
Após esse ponto, logo vem a base da Pedra do Frade e a subida é bastante íngreme. Começamos a subir mais devagar, passamos pelo Mirante e só tivemos alguns segundos para avistar a Pedra, porque logo uma neblina a cobriu.
Mas foi suficiente para reacender a vontade e dar aquele gás final.
A subida final
Chegamos na base e iniciamos a subida. São três trechos mais complicados, e as cordas que estão lá foram úteis, mas usamos nossa corda também.
Essa última parte é bem íngreme, quase uma escalaminhada por pedras, troncos e raízes, com necessidade do uso de cordas de 30 metros.
Essas cordas fixas que nós usamos na época queimaram durante um incêndio que houve em 2016. Alguns paredões de pedra ficaram expostos e depois disso, algumas escadas de corda foram instaladas. Mas é importante levar seus próprios equipamentos de segurança para utilizar nesses trechos, que são expostos e com risco de queda em um abismo.
No cume da Pedra do Frade
Eu segui após o último trecho de corda, e de repente, vejo uma ponta que parecia o topo. E ainda eram 4 e meia da tarde! Subi correndo, joguei a mochila no chão e fiquei maravilhada com o visual.
Montamos as barracas para aproveitar a luz do dia e fomos para um dos mirantes no cume, para ver o pôr do sol.
A noite estava muito agradável! Não fazia frio e a Kercya forrou uma canga no chão para fazermos o jantar. Ficamos ali conversando, o cansaço chegou e o frio não. Nessas horas, todo chocolate fica muito mais saboroso… a Ana mandou muito bem em levar e dividir com a gente.
Fomos dormir e o frio não chegou mesmo, mas a noite foi ótima e por volta das 5h30 o céu já começou a se colorir daquele laranja intenso que recompensa qualquer subida. Até o Renato, batizado na Pedra do Frade, esqueceu o cansaço.
Nos três mirantes do cume a visão é espetacular. Litoral de Angra dos Reis e as ilhas da baía, parte da Serra da Bocaina, montanhas da região do Cunhambebe, e o incrível contraste entre céu e mar são deslumbrantes do cume da Pedra do Frade.
A descida da Pedra do Frade
Começamos a descer 8h30 e quando chegamos na Gruta do Alemão, eu já estava achando que dali para a pousada era um passo. A verdade é que depois de subir e descer a Pedra do Frade, voltar na trilha parece até fácil.
Quando chegamos no rio Bonito, mergulhamos naquela água gelada revigorante. Eu adoro, e o pessoal achou louco eu ficar uns 15 minutos congelando lá dentro. Chegamos na Pousada Brejal às 18h.
Além das memórias, tem umas pérolas que ainda estou rindo ao escrever agora, coisas que só nós, que dividimos essa montanha e esses momentos únicos, vamos entender. Coisas que fazem alguns momentos se tornarem inesquecíveis!
Confira nosso vídeo da Pedra do Frade:
O que levar
Além da segunda pele e do fleece, leve anorak resistente, touca e luvas, e o bastão de caminhada será útil nas descidas.
Leve uma barraca leve e pequena como a minha, que é uma Minipack Azteq, que tem apenas 1,5kg, pois além da subida intensa do final, o cume é pequeno e cabem poucas barracas.
Lanternas e Clor-in também são dois itens importantes na mochila.
Lembre-se de calcular a quantidade suficiente de água, pois não tem água no cume da Pedra do Frade. Leve um reservatório grande de água para abastecer na Gruta do Alemão.
Leve sacos plásticos para trazer todo seu lixo de volta.
E para finalizar, informe-se sobre as práticas corretas de fazer necessidades fisiológicas em ambientes naturais e sobre o uso do shit tube.
Dicas para a trilha da Pedra do Frade – Angra dos Reis:
- A trilha é pesada e a orientação é difícil. Não é uma trilha para iniciantes e muitos não conseguem chegar.
- Vale a pena encomendar refeições na Pousada Brejal e deixar o carro guardado lá durante a trilha.
- Se tiver chovido, os trechos de descampado ficarão cheios de lama e charco.
- Não faça essa trilha na estação de chuvas e adie se houver qualquer possibilidade de chuvas. Para dar certo, os sites de meteorologia devem apontar 0 possibilidades, de preferência, antes, durante e depois dos dois dias necessários para esse trekking.
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E aí, curtiu o visual do cume da Pedra do Frade?
por Camila Coubelle
Achei as informações bem descrita, tem pessoas experiente para guiar.
Olá, pessoal.
Muito legal as dicas de vcs. Moro em Bananal e tenho muita vontade de escalar a pedra do frade. Ainda conheço pouco da Serra, no que diz respeito as cachoeiras e demais maravilhas.
Quanto as informações de acesso a Bananal vindo de São Paulo de onibus, vou corrigir vcs: salvo engano, o Pássaro Marrom só tem um dia na semana com horario direto pra BANANAL. Nos demais dias, tem que pegar até Guaratinguetá, e de lá para BANANAL. O Pássaro Marrom não vem por BARRA MANSA, como vcs mencionaram. Quem quiser vir pela Dutra até Barra Mansa, tem que pegar a Viação Cometa, e de BM para Bananal, tem a Viação Colitur.
Abraços.
Olá Rafael, tudo bem? Muito obrigada pelas informações. Você mora em uma região linda, espero que ainda possa conhecer todas as maravilhas daí. Grande abraço!
Olá! Gostei muito deste relato, está muito bem descrito, irei fazer essa trilha com mais dois amigos daqui a alguns dias, deu pra ter uma boa ideia do trekking, me deixou mais ansioso! Parabéns!
Agradecemos pelo carinho, Walter. Se tiver mais algum dúvida, manda pra gente nas redes sociais. Que tenham uma ótima aventura!
Oi,vcs foram? As cordas estão em boas condições? Vamos esse mês
Ótima aventura.. vi esse pico na estrada e desde então desejo subi-lo.
Vc tem algum grupo ou contato de pessoas q desejam subir de novo??
Desde já agradeço !!
Oi Rafael! No Facebook tem vários grupos de pessoas que se juntam para ir em um monte de trilhas. Tenta o Trilhas Quase Secretas! Abraços