Afinal, o que há de tão incrível em viajar? Por várias vezes esse tipo de pergunta já atravessou as nossas rodas de conversa. E a resposta nem sempre é precisa. “Viajar enriquece a alma”, “é a única coisa que você compra que te deixa mais rico”… Jargões, clichês… Com total fundamento, claro! Mas ainda assim, clichês. Viajar é muito mais do que isso.
Para mim, viajar significa algo mais do que apenas conhecer lugares. Significa muito mais do que carimbos no passaporte. Muito mais do que fotos nas redes sociais. Viajar é se entregar de corpo e alma para o desconhecido, por mais que tenhamos o “auxilio luxuoso” da internet, que parece capturar até os nossos pensamentos.
Ofertas de lugares incríveis, passeios maravilhosos, cliques estupendos inundam a timeline a todo o momento, mas uma viagem dessas só vai fazer a diferença se for feita de coração aberto.
Há que se estar disponível para o belo, para o feio, para o diferente, para o saboroso, para o não tão saboroso, para a dança, para os trajes, para o perrengue, para a vida boa, para a cultura. Viajar é aprender. É respeitar – natureza, culturas e pessoas. É se doar para o outro, mesmo que ele seja um mero desconhecido. E que diferença isso faz? Conhecidas ou não, as pessoas que você encontrar pelo caminho vão te marcar de alguma forma.
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Nunca me esquecerei do agente de viagens peruano que sabia falar português com sotaque de Minas. Nem da menininha que tentava – sem sucesso – ajudar os pais a montarem a barraca em um camping de Paraty. Eu não sei os nomes deles, talvez (muito provavelmente) não os veja nunca mais. Mas até eles fazem parte da minha história. Esses e muitos outros.
A salteña que eu não consegui comer no Peru, as vieiras que eu comi em Arraial do Cabo e achei até gostosinho, o peixinho frito a bordo de um catamarã rondoniano (geralmente eu odeio peixe), a comida apimentada da Bolívia que me fez quase virar do avesso no meio do deserto ou as 15 horas de viagem dentro de um ônibus desconfortável e barulhento. Tudo isso se tornou uma lembrança boa. Uma experiência incrível, mesmo não sendo como eu imaginei.
É que muita gente só conta as partes boas da viagem, né. O que se vê do lado de fora são só as fotos bonitas, milimetricamente calculadas. A realidade é diferente, meu amigo. A realidade é muito melhor. A fila que você enfrenta, a correria pra pegar um ônibus, o sol escaldante, a barraca inundada, no final tudo acaba em boas risadas. A experiência adquirida nas andanças por aí são coisas que vão ficar marcadas na nossa vida pra sempre.
Posso até contar um caso, rapidinho pra esse texto não ficar muito chato, sobre uma experiência que a Camila teve em uma dessas suas viagens solo. Foi na Serra da Bocaina, na divisa entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Ela voltou de lá contando a história da Dona Carmem, uma moradora de 86 anos que tinha 14 filhos e vivia numa casa simples, mas que fazia um cafezinho especial no fogão de lenha. Fiquei com vontade de conhecê-la só de ver o brilho nos olhos da Camila ao relatar seu “dedo de prosa” com a senhorinha. Isso não é fantástico?
Outro fato interessante sobre viajar é a forma como cada viagem muda a sua vida. É sério! Cada lugarzinho que você conhece, volta um pouquinho com você na mala. E eu não estou falando dos souvenires. Estou falando de bagagem, de transformação. Quando você percebe que alguém em algum lugar vive com dificuldades, mas sempre traz um sorriso no rosto ao receber um forasteiro, dá uma felicidade, não é mesmo? Quando você recebe um abraço de alguém que você nem conhece, mas que te acolheu tão bem num hotel, ou quando tenta falar 16 línguas com os gringos, mesmo mal sabendo falar o português. Isso é crescimento. Tudo o que você entrega para os outros em uma viagem, volta com você em dobro. Reciprocidade. É isso que faz a diferença. É isso que faz você fazer e refazer as malas o quanto for necessário pra sair por aí conhecendo novos lugares, novas pessoas.
Sabe, se me perguntarem de novo o que há de tão incrível em viajar, talvez eu ainda não tenha a resposta na ponta da língua, mas tenho certeza que a terei nos olhos. Os olhos de quem viu coisas especiais, mas que sabe que ainda tem um mundão enorme para explorar. Sempre!
E para você, o que há de tão incrível em viajar?
Por Nange Sá
Ola muito bom esse artigo